Minuto de reflexão na bíblia
Em tempos de desastres naturais tais como terremotos, tsunamis, enchentes e tornados, surgem debates a respeito da relação que Deus tem com esses acontecimentos. Lembro-me dos terremotos no Haiti onde a blogosfera foi tomada por vários “porquês” disso, “porquês” daquilo. E o terremoto do Chile? A mesma ladainha: “onde está Deus que não vê isso?”, “onde está Deus que não vê aquilo?”. Sem falar nos desastres naturais que ocorrem em terras brasileiras como as enchentes no Nordeste, em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. Deus é sempre questionado, gerando dúvidas com respeito a seu controle sobre a criação.
Agora a discussão ressurge com os recentes desastres de terremotos e tsunamis no Japão. Além disso, declarações do teísta aberto Ricardo Gondim abalaram a blogosfera com suas declarações antibíblicas e caóticas. Antibíblicas porque vai de encontro ao que a Bíblia fala a respeito do relacionamento de Deus com sua criação, que é uma relação íntima e que mantém controle sobre tudo. Caótica porque suas declarações pregam um conceito de um mundo desordenado, sem controle e desesperançoso a respeito de desastres naturais.
É desesperador saber que nós não temos nenhuma garantia de que o mundo não sucumba numa confusão geral dos elementos da matéria. A desordem é a única e terrível expectativa daqueles que acreditam em um Deus distante da sua criação, ou no mínimo, presente porém incapaz e impotente (ou pelo menos se nega a ser onipotente) em garantir o equilíbrio das ações da natureza.
Qual é mesmo a relação de Deus com sua criação? Existe mesmo um relacionamento ou Ele está divorciado dela? E se há um relacionamento, até que ponto vai esse relacionamento? Há algum controle? São essas as perguntas que irei tentar responder à luz da Bíblia.
A Bíblia desconhece o deus dos teólogos relacionais, cuja teologia nega a onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus. A Bíblia fala exaustivamente na existência de um Deus presente em todos os lugares ao mesmo tempo, Poderoso sobre tudo e todos e que tem um conhecimento infinito de todas as suas criações. Deixaremos de lado, por hora, o assunto sobre a Onisciência e a Onipresença e trataremos apenas do ensinamento bíblico do controle que Deus tem sobre sua criação, mas especificamente sobre a matéria inanimada.
Deus tem o controle sobre a matéria inanimada
Respondendo à pergunta do título deste artigo, Deus está bem presente quando os desastres naturais acontecem. Ele não somente está presente, mas administra todos os eventos da matéria inanimada. A matéria, mesmo sendo inanimada (objeto sem vida, sem ânimo), existe para obedecer aos mandamentos e ordens de Deus. Isso é evidenciado já nos primeiros registros bíblicos da revelação divina:
Disse Deus: Haja luz; e houve luz. (...) Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. (...) E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. (Gn 1.3,9,11).
O que se afirma nos primeiros capítulos de Gênesis é confirmado por toda a Bíblia. Veja a declaração do salmista: “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33.9).
Quando Deus diz que vai usar dos elementos da natureza para executar sua vontade, Ele está afirmando que tem controle sobre eles e que eles são agentes de Deus na execução da sua vontade. Veja, por exemplo, a autoridade de Deus sobre as águas:
Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá (Gn 6.17).
Se tudo o que Ele fala, se faz, então...
No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites (Gn 7.11,12).
Deus disse que derramaria água sobre a terra. Ele não apenas ameaçou, mas cumpriu o que disse mostrando que Ele tem o controle sobre a água que só cai em forma de chuva quando e onde Ele quiser.
E o que dizer do controle de Deus sobre as pragas no Egito? Bastou uma única ordem dEle para a luz se transformar em trevas, o rio em sangue, chover granizo, a ação dos gafanhotos, a morte por todo o Egito. Cada detalhe, cada ação da natureza meticulosamente calculada, agindo exatamente numa região delimitada pelo próprio Deus para que essas pragas não chegassem na região onde estava o seu povo. Sim, até mesmo o local da ação das pragas foi claramente delimitada por Deus! Tudo isso demonstra o absoluto controle de Deus sobre os elementos da natureza:
E Moisés estendeu o seu bordão para o céu; o SENHOR deu trovões e chuva de pedras, e fogo desceu sobre a terra; e fez o SENHOR cair chuva de pedras sobre a terra do Egito. De maneira que havia chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras tão grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação. Por toda a terra do Egito a chuva de pedras feriu tudo quanto havia no campo, tanto homens como animais; feriu também a chuva de pedras toda planta do campo e quebrou todas as árvores do campo. Somente na terra de Gósen, onde estavam os filhos de Israel, não havia chuva de pedras. (Êx 9.23-26).
Veja também a maravilhosa descrição do total controle de Deus na nona praga:
Então, disse o SENHOR a Moisés: Estende a mão para o céu, e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se possam apalpar. Estendeu, pois, Moisés a mão para o céu, e houve trevas espessas sobre toda a terra do Egito por três dias; não viram uns aos outros, e ninguém se levantou do seu lugar por três dias; porém todos os filhos de Israel tinham luz nas suas habitações. (Êx 10.21-23).
Temos também a descrição do controle divino sobre o fogo:
Então, fez o SENHOR chover enxofre e fogo, da parte do SENHOR, sobre Sodoma e Gomorra. (Gn 19.24).
Deus ordenou e as águas do mar Vermelho se dividiram ao meio, de modo que os israelitas o atravessaram em terra seca. De novo, Ele ordenou e as águas retrocederam, destruindo os egípcios que perseguiam os israelitas. Com uma palavra da parte dEle, a terra abriu-se e Coré e sua companhia de rebeldes foram engolidos. A fornalha de Nabucodonosor foi aquecida "sete vezes" além de sua temperatura normal, e três dos filhos de Deus foram lançados ali; mas o fogo nem sequer lhes chamuscou as roupas, apesar de ter morto os soldados que os lançaram naquele temível lugar.
O Novo Testamento também testifica do poder de Deus sobre os elementos da criação. Vemos Jesus Cristo acalmando uma tempestade dando ordens ao vento e ao mar:
E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. (Mc 4.39).
Jesus ainda andou sobre o mar. Bastou uma palavra de Jesus e a figueira murchou e ao seu toque as enfermidades fugiam instantaneamente. Jesus demonstrou uma infinita habilidade com os elementos da natureza provando o seu absoluto controle sobre a criação inanimada.
E o que dizer dos corpos celestes? O governo divino sobre eles é igualmente soberano. Hoje sabemos que a terra gira em torno do sol, nos dando as quatro estações e determinando os dias dos anos. Sabemos também que há um movimento que faz a terra girar sobre o seu próprio eixo, nos dando as vinte e quatro horas do dia. Por que estou dizendo isso? Por que há um relato em 2 Reis de Deus retrocedendo a rotação da terra, fazendo com que a sombra no relógio de sol de Acaz retroceda dez graus para trás:
Ezequias disse a Isaías: Qual será o sinal de que o SENHOR me curará e de que, ao terceiro dia, subirei à Casa do SENHOR? Respondeu Isaías: Ser-te-á isto da parte do SENHOR como sinal de que ele cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus ou os retrocederá? Então, disse Ezequias: É fácil que a sombra adiante dez graus; tal, porém, não aconteça; antes, retroceda dez graus. Então, o profeta Isaías clamou ao SENHOR; e fez retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. (2Rs 20.8-11).
Isaías pergunta a Ezequias se ele quer como sinal o adiantamento da sombra do sol. Ezequias responde que esse adiantamento da sombra já era um curso normal. Daí ele pede o mais difícil: que a sombra volte para trás. Que absurdo! O que Ezequias pede é que a terra gire para trás fazendo um movimento ao contrário do que ele já faz. Mas Deus como sendo Soberano sobre os astros celestes que Ele mesmo criou, fez exatamente isso. Pelo seu poder ordenou que a terra girasse no sentido contrário, provocando o retrocesso da sombra no relógio de Acaz.
Esse relato de Deus ordenando um movimento improvável da terra não é único na Bíblia. Há um outro relato onde Deus ordena a terra que simplesmente pare de girar. É isso mesmo. A terra parou de girar por uma ordem de Deus. Veja:
Então, Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel; e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro. Não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, tendo o SENHOR, assim, atendido à voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel (Js 10.12-14).
Josué suplicou ajuda divina no combate contra os amorreus. Provavelmente Josué percebeu que a batalha entraria para a noite, o que dificultaria bastante nessa batalha. Poderíamos achar algo absurdo o que Josué pediu, mas para Deus que controla os astros celestes nada é impossível. O sol e a lua pararam de girar. De acordo com o conhecimento que temos hoje, foi a terra que parou de girar juntamente com a lua.
Há ainda mais um relato impressionante de Deus agindo e controlando os elementos da natureza. Trata-se do seguinte texto:
Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por meu intermédio, como disseste, eis que eu porei uma porção de lã na eira; se o orvalho estiver somente nela, e seca a terra ao redor, então, conhecerei que hás de livrar Israel por meu intermédio, como disseste. E assim sucedeu, porque, ao outro dia, se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água. Disse mais Gideão: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã; que só a lã esteja seca, e na terra ao redor haja orvalho. E Deus assim o fez naquela noite, pois só a lã estava seca, e sobre a terra ao redor havia orvalho. (Jz 6.36-40).
Gideão queria uma “prova” de que Deus realmente livraria Israel dos midianitas. Gideão teve uma idéia: colocar um pedaço de lã no chão e pedir a Deus que o orvalho da noite caia somente em cima da lã e a terra fique seca. Deus, como tendo o controle da natureza, inclusive do orvalho, fez exatamente isso. Achando pouco, Gideão agora pede para que o orvalho caia por toda a terra e a lã fique seca. E vemos que Deus fez exatamente isso. Isso prova que Deus tem o total controle sobre os elementos da natureza, até mesmo controle do sereno!
Ele envia as suas ordens à terra, e sua palavra corre velozmente; dá a neve como lã e espalha a geada como cinza. Ele arroja o seu gelo em migalhas; quem resiste ao seu frio? Manda a sua palavra e o derrete; faz soprar o vento, e as águas correm. (Sl 147.15-18).
As mudanças nos elementos da natureza estão sujeitas ao controle soberano de Deus. É Deus quem retém a chuva e quem a dá, quando, onde, conforme e sobre quem Lhe apraz. Até mesmo os distúrbios atmosféricos são controlados pelo dedo de Deus.
Além disso, retive de vós a chuva, três meses ainda antes da ceifa; e fiz chover sobre uma cidade e sobre a outra, não; um campo teve chuva, mas o outro, que ficou sem chuva, se secou. Andaram duas ou três cidades, indo a outra cidade para beberem água, mas não se saciaram; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR. Feri-vos com o crestamento e a ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, devorou-a o gafanhoto; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR. Enviei a peste contra vós outros à maneira do Egito; os vossos jovens, matei-os à espada, e os vossos cavalos, deixei-os levar presos, e o mau cheiro dos vossos arraiais fiz subir aos vossos narizes; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR. (Am 4.7-10).
Diante de tudo isso que vemos nas Escrituras Sagradas, a única conclusão que extraio é: Não! Deus não está ausente da criação. Deus não está longe! Ele está perto. Mas do que isso, Ele tem o controle total e soberano sobre a sua criação, administrando as ações de cada elemento da natureza desde o orvalho até o sol.Deus governa a matéria inanimada. A terra, o ar, o fogo, a água, o granizo, a neve, os ventos, os mares, todos cumprem a palavra do seu poder e executam a sua soberana vontade.
Todo aquele que intentar imaginar que Deus não possui ou que se absteve de possuir controle total das ações da natureza, incorrerá num seríssimo desvio doutrinário e isso tem consequências desastrosas, pois se na teologia de uma pessoa não há espaço para um controle providencial de Deus sobre tudo, sua vida sofrerá as devidas consequências que são a falta de confiança e de esperança em situações de desastres naturais como temos visto no Japão e em tantos outros lugares.
“Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado”. Sl. 73:13-14
Por que prosperam os ímpios? Por que seus planos sempre dão certo? Por que nunca são acometidos de doenças? Por que sobre eles o céu não desaba, ou se abre o chão para tragá-los? Por que nunca sofrem, têm medo, ou são surpreendidos na calamidade? Por quê?
Eis a indignação solitária do salmista! Ela ganha ressonância na voz dos aflitos da Terra: os inquietos, os injustiçados e oprimidos. Por isso eu amo esse texto. Nele não se vê projetado à caricatura de um personagem irreal, um holograma imaterial da frágil materialidade do ser, a imagem do super-homem, ou de um herói da fé, baluarte da santidade, da moral e dos bons costumes. Não. Para quem tiver a coragem de discernir, verá, sim, as vísceras de um coração partido, os escaninhos abertos de uma alma árida, repartida ao meio, os fragmentos de alguém mergulhado em sombras e silêncios, medos e contradições.
Em Asafe, no salmo 73, percebo um homem como outro qualquer, alguém com a coragem de se declarar indignado com a existência, que não tem pudores para afirmar que seus pés quase resvalaram no desfiladeiro das suposições, no precipício das racionalizações, no abismo da amargura. Como diria Nelson Rodrigues, Asafe vocifera sobre “a vida como ela é” – imperfeita, injusta e inconstante.
Preciso confessar: meu coração já visitou esses “ambientes” muitas vezes. Já me revolvi em amargura e desespero de alma, já mergulhei na aridez que faz apagar até o Espírito. Sim, destilei em meu íntimo veneno e o bebi até a última gota, engasguei-me com o fel produzido em meu próprio estômago, pois é fato que dói demais ser traído, enganado, passado para trás, injustiçado.
Escrevo estas linhas, pois vivi nos últimos dias uma situação recorrente na vida: fui injustiçado. Fui esmagado pelas mãos de “poderosos”, descartado como carta de baralho em jogo de pôquer. Mas quem me “feriu” não estava blefando, pois atingiu-me o coração com sua lança certeira, quebrou-me os ossos e os sonhos, desfez a minha esperança, dispersou a minha coragem, apagou a minha fé. Estava correto Max Scheler, o filósofo dos valores, quando afirmou que “a injustiça engrandece uma alma livre e orgulhosa”. Fato é; feito está.
Mas bom é o Senhor e eterna a Sua misericórdia. Como citou Exupéry “o que torna belo o deserto é que ele sempre esconde um poço em algum lugar". Dá-me então, Senhor, de beber desta água, sacia-me a sede, concede-me um gole de vida.
E assim segui lendo Asafe, num salmo que a mim mais parecia autobiográfico, escrito de mim para mim mesmo, expondo em detalhes a minha própria miséria. E foi desta forma que cheguei aos versos 16 e 17 e deparei-me com o imponderável: “quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles”. Tomei um choque! Despertou o meu espírito! Era à virada do “jogo”, a virada da “mesa”, a virada do “vento”, a virada da vida, retorcida para ser reinventada, refeita, revivida, reescrita de ponta a cabeça, posta ao contrário, disposta ao avesso.
Na minha perplexidade, lembrei-me de Malaquias “então vocês verão novamente a diferença entre o justo e o ímpio, entre os que servem a Deus e os que não o servem”. Estou bem certo, “o jogo” ainda não terminou, pois o Juiz continua assentado no Trono, e tem todas as coisas sob Seu controle e poder. Certamente Ele me fará justiça, e porá diante de mim uma mesa na presença dos meus adversários e ali me ungirá a cabeça com óleo.
Quão maravilhoso é este salmo 73! Ele me ensinou que ri melhor quem ri por último, me fez lembrar que eu tenho um Deus nos céus, “que mal me poderá fazer o homem”? Sim, estou seguro de que paz e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e “habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”.
Eu e você somos cristãos. Em teoria, deveríamos fazer pelo próximo o que gostaríamos que fizessem por nós. Amar ao próximo como a nós mesmos. Mas existe um porém: eu e você somos humanos – e essa é a parte horrível da história. Porque eu e você fazemos coisas muito, mas muito distantes das que Jesus idealizou para nós. Uma delas é magoar pessoas. Muitas vezes, as pessoas que mais amamos. Explicar isso dentro da fé cristã é inexplicável.
Pelo dicionário, “magoar” é “contristar”, “entristecer”, “ofender”. Fugindo do academiquês, magoar é pegar o coração de uma pessoa e esmagá-lo entre nossos dedos até que ele tenha sido transformado numa massa disforme de dor, lágrimas e tristeza. Lamento informar: eu e você fazemos isso com as pessoas com um frequência bem maior do que gostaríamos. Na maioria das vezes, sem a intenção de magoar. Mas magoamos. Por palavras, atos, ações, atitudes, omissões, ausências, escritos, imagens. Tomamos atitudes que achamos muitas vezes que vão resolver problemas ou até mesmo por não saber resolver de outro jeito… mas acabamos ferindo o próximo. E ferir o próximo é a coisa menos cristã que há.
Pedro magoou Jesus. Ele foi egoísta e, para se livrar de sentir dor e sofrer, deu as costas e traiu a pessoa mais importante de sua vida. Marcos 14.72 nos fala de como Pedro se sentiu quando caiu em si e percebeu o que tinha feito: “E logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar“.
Esse é exatamente o problema de magoar. é um ato que nunca vem acompanhado de dor só para quem foi magoado. Quem magoa, se ama quem magoou, é tomado de um sentimento de dor lancinante. Mateus 26.75 vai além e mostra o tipo de sentimento que vem embutido nesse choro causado pela dor descontrolada: “E, saindo dali, chorou amargamente“. Magoar nunca é indolor. É amargo. Deixa um gosto de podre na boca.
A Bíblia descreve algumas características que a mágoa provoca. Em Salmos 6.7, diz o salmista “Já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos“. Já Jó 17.7 afirma: “Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos, e já todos os meus membros são como a sombra“. Mágoa escurece os olhos, consome o olhar. E se nós formos a Mateus 6, veremos que “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!“
Ou seja: a mágoa rouba a luminosidade do teu corpo e te mergulha em trevas.
Meu irmão, minha irmã, geralmente quando somos magoados isso nos chama muita atenção. Mas raramente nos damos conta de que magoamos alguém. E quando isso acontecer, só lhe resta um caminho: o da humilhação. Humilhe-se.
No léxico do mundo, humilhar-se é rebaixar-se. No do Céu, é elevar-se. Jesus lavou os pés dos apóstolos. Se você magoou alguém, não deixe por isso mesmo. Lave os pés dessa pessoa. Peça perdão. Chore amargamente. Deixe o gosto do fel descer pela sua garganta. Abandone o orgulho besta que não serve de nada na vida de um servo de Deus. E quando aquele ente magoado puser a mão sobre o seu ombro e disser “tudo bem, eu te perdoo”… meu querido, minha querida, você terá vivido uma das experiências mais sublimes da vida cristã.
Você magoou alguém recentemente? Pois então pegue uma bacia com água, um sabonete e uma toalha e comece a ser cristão.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Hoje, a maior incidência de crises em cristãos, não vem mais de fora da igreja. Não é mais sexo, nem poder, nem dinheiro o que mexem com a cabeça do crente, mas a instituição “igreja” e seus líderes. Sabendo disso, vou tentar compartilhar alguns pontos pelos quais eu insisto apesar de tudo em prosseguir como igreja.
A igreja é como a arca de Noé, é um lugar onde há sujeira, é incômodo muitas vezes, mas é o melhor lugar que vc pode estar nesses tempos de dilúvio espiritual.
Ser igreja e corpo de Cristo independente da estrutura – Não importa se o espaço é pequeno, importa o tamanho da graça derramada no lugar através do Espírito Santo para o corpo d’Ele. Não me importa a instituição, me importa viver o Evangelho vivo de Jesus, sem barganhas, sem dogmas, sem barreiras, evangelho vivo. Queremos fazer deste lugar um espaço onde aqueles que já se desiludiram com “Igreja evangélica” mas que ainda se sente “corpo de Cristo” possa ter paz e receber a graça de Deus.
Porque tem gente na igreja que precisa de mim e de você – O meu senso de missão ainda é maior do que minha covardia. É preciso estar sempre aberto a todo tipo de manifestação das mais sensíveis as mais brutas e tentar ajudar quem passa por essas situações. Às vezes, você pode pensar: “Pra que ir lá”, mas só te ver pra mim já é motivo de festa. Eu sou carente de comunhão!
O compromisso com a verdade – Minha motivação de estar na igreja hoje se deve ao fato de que eu achei um lugar onde eu posso pregar a verdade! Porque a verdade é que liberta e não o engano, que andam pregando. Se a graça é escândalo, então tem que ser pregada assim, escandalosamente!
O amor de Jesus – Não importa sua estrutura ou sensibilidade, o coração de Jesus está cheio de amor por você. Amor que não se deve ao nosso bom comportamento, nem diminui por causa das nossas bobeirinhas. E esse amor é tão certo nos dias claros e alegres quanto nas solitárias noites escuras. E esse amor precisa estar em nós! O verdadeiro amor vence o medo, vence tudo.
Não importa quantas vezes você já esteve fora, Jesus sempre te considerou parte do corpo. Não importa quantas vezes você já pensou em sair da igreja, independente de onde você estiver, Jesus te garante a permanência dentro desse corpo, ele não vai excluir você.
E no mais, tudo na mais santa paz!
Quantas vezes você já se sentiu pequeno diante de uma situação “Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” (Ex 3:11)
Quantas você você já se sentiu incapaz de fazer algo que lhe foi designado? Quantas vezes você já se sentiu pequeno diante de uma situação que considerou impossível de resolver? Por quantas vezes você fugiu de um problema pois teve medo dele?
A Bíblia conta a história de um homem chamado Moisés que foi criado como um príncipe no palácio de Faraó, rei do Egito. Certo dia, ao ver uma injustiça sendo cometida contra um irmão hebreu (pois tinha consciência de sua origem), mata um soldado egípicio e, com medo das consequências, foge para as terras de Midiã, para não ser condenado e morto. Certo dia, Moisés apascentava as ovelhas de seu sogro e o Senhor fala com ele do meio de uma sarça, a qual ardia mas não se consumia. Ali dá ordem à Moisés para que volte ao Egito e vá até Faraó para livrar o seu povo da escravidão.
Assim como Moisés, cometemos erros, e nossa primeira reação é fugir. Mas Deus tinha uma missão para ele. Se você estivesse no lugar de Moisés como se sentiria se o Senhor mandasse você voltar a um lugar onde querem te matar? O que você faria? Como se sentiria? Você relutaria se sentindo incapaz e fugiria ou confiaria no Senhor e iria em frente, como fez Moisés?
Moisés confiou no Senhor e obteve a vitória, livrou o povo de Israel do cativeiro egípcio. Esse é o nosso Deus! Ele sempre nos capacita para enfrentar as situações adversas, pois sabe da nossa fragilidade humana. O Senhor está no controle de todas as coisas! O nosso Deus está conosco em TODOS os momentos! Confie no Senhor mesmo que você não se sinta capaz, pois ele te capacitará e te dará a vitória!
E DEUS ESCREVEU NO CHÃO... "Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo" (João 8.6)
A cena é devastadora: uma mulher desesperada, sentindo a morte rondar-lhe por todos os lados. Um grupo radical, legalista e sua armadilha dogmática e impiedosa. Olhares mistos: curiosidade, raiva, expectativa e até um certo êxtase macabro, afinal a multidão adora espetáculos dolorosos. A mulher, no centro de todos os ódios, na convergência efervescente de todas as teologias. O ápice do caos parece iminente. Parece...
Jesus também estava lá. Ele sempre está perto de quem sofre. É o Deus da empatia: do grego, "em" + "patos": dentro do sentimento. O Deus de todos os "ais". O Deus que se sensibiliza, que conhece os bastidores da fúria, as cavernas do medo, as raízes de amargura, as palavras que se mesclam aos gemidos, os sonhos destruídos, a dor em toda sua extensão.
Levaram uma mulher para ser morta dentro do Templo. Teologias da vingança, da fúria e do terror não respeitam geografias. Têm pressa para matar. São os caçadores de escândalos que Davi tão bem retratou no Salmo 35. 21: "Com a sua boca dizem: nós vimos, nós sabemos de tudo!" Gente triste que só consegue um mínimo de prazer ao destruir a alegria dos outros.
Eles queriam um espetáculo do terror, e Jesus lhes deu um: em suas próprias mentes: "Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra" (8.7). Em cada mente um tsunami de impurezas começa a jorrar. Somos feitos da mistura estranhamente complicada de imperfeições. Não podemos sair mirando, fulminando, julgando. Esses verbos são conjugados em nossas almas todos os dias.
Jesus, curvado, escreve no chão... Deus escrevendo no pó!
Foi a ação mais extraordinária que ele fez. E deu tão certo! Até hoje - séculos depois - ainda estamos olhando para aqueles rabiscos. Jesus tirou de cima da mulher TODOS os olhares. Ele a libertou da munição do olhar.
Silêncio. Talvez alguns soluços daquela mulher. O texto, a narrativa de João insiste em colocar a marca que os maldosos queriam tatuar nela: adúltera! Jesus não! Ele se levanta e a chama de "mulher" - devolve a dignidade que a marca queria roubar. Mulher! Então faz a pergunta que complementa o processo de liberdade: "Onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?" Só condena quem julga - e Jesus não a julgou, ele a curou!
O Deus que escreveu no chão agora escreve uma nova história: "Vá e não peques mais!" É como se o Éden fosse redimido. É Deus dizendo à sua filha: "É melhor ficar comigo!" Não peque! Mas, como o mesmo João vai escrever depois: "mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo" (I João 2.1).
Por causa de Jesus sei que sou livre!
VIVER PELA GRAÇA DE CRISTO
Graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do senhor Jesus Cristo. (Filemon1,3)
A palavra Graça no hebraico é “Hessed”, pode também ser traduzida como o amor de Deus, a misericórdia, a bondade e até mesmo pelo perdão de Deus. Já no português, a palavra significa favor, benefício, mercê, pedir ou conceder uma graça. Das 13 cartas que Paulo escreveu, em todas, ele menciona a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Graça de Deus é manifestada em cada um através de Cristo Jesus, no plano de redenção na cruz do Calvário.
Deus Pai, que é Amor, entregou Seu Filho Único, para nos salvar e nos libertar da Lei, que nos escravizava, nos ritos e condenações, e hoje vivemos por este favor que é a nova vida em Cristo Jesus. Em Coríntios 12:9, Paulo diz: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.
A Graça de Deus justifica a cada criatura pelo Sangue de Jesus Cristo, como alimento do espírito, um ingrediente sobrenatural, derramado sobre as nossas vidas, através da intimidade com a Palavra de Deus. Em todas as citações de Paulo, na qual nos deseja a graça, manifesta como é importante que ela esteja em cada ser humano. E a paz, árbitro dos corações, que excede a todo entendimento.
Muitas vezes, na caminhada de fé, o cristão pensa que precisa de muitas coisas para prosseguir, mas algumas dádivas de Deus são extremamente necessárias como; água e pão. Dentre estas, o amor, fé, esperança e a graça, produto destes ingredientes, no coração do homem, que fazem com que tudo fique secundário, quando realmente descobrimos, o poder de Deus em Jesus Cristo, através da Graça acrescida pela vida de fé.
Portanto, o cristão precisa renovar-se da Graça de Deus, para vencer adversidades e obstáculos do caminho de Cristo. Vivermos a plenitude desta riqueza, pela fé e renascendo a cada dia, com isso, lembrarmos de onde o Senhor te resgatou, como Sua Graça acrescenta paz, ensinando através da unção do Espírito Santo de Deus, caminhar em novidade de vida.
Fui rico, sou rico ou serei rico?
Aos que esperam no Senhor
Porque Deus não salva todos?